terça-feira, 28 de maio de 2013

Saudades de mãe

Estou cada vez mais deslumbrada com o crescer da minha menina. Deslumbrada é, sem dúvida, a melhor palavra para descrever o que senti hoje. Penso que todas as mães tentam agarrar-se à ideia de ter o seu bebé, pequenino e acolhido em seus braços. Não fujo à regra, e sou destas que, vez por outra, pensam e sentem saudades antecipadas desta "pequenez". 

Uma vez, o meu marido disse que era esta a razão para os pais terem outros filhos. Por terem saudades dos seus bebés. Outra vez, e há poucos dias, disse: "Despede-te. Ela já não vai ser bebé por muito tempo. Mais um mês, ou menos..."

Confesso que penso nisto algumas vezes, na bebé que vai ficar apenas na memória, minha e dos arquivos digitais. Confesso que tenho medo desta saudade que já começou, mas por outro lado, não penso num segundo filho. Ainda e para já. 

Estou agora apaixonada. Em estado de paixão total, mesmo. Ver a minha M virar criança, transformar-se como uma borboleta, é impagável. Senta-se no sofá comigo, enquanto come fatias de fruta pousadas num prato que tem ao colo. Ri-se quando eu acho graça a qualquer coisa que deu na TV. Constrói, ainda desajeitadamente, as suas pequenas frases, onde recentemente conseguiu encaixar o "pú favô". Às custas disto, tem conseguido muitas bolachas. Já tem tantas vontades. Quando acorda, quer sempre um sapato azul e outro branco. E eu deixo que faça esta escolha. Fica tão contente. Quer todos os colares e pulseiras, e não dispensa o meu pincel do blush. "Pintá cara, mamã"- Diz ela, cheia de sabedoria. Quando diz o te amo, derreto-me. E agora, são tantas as vezes. Amém a isto.

As caras e caretas que cria, as imitações dos animais, o copiar de tudo o que faço. O perceber as coreografias das músicas, e o fazê-las tão lindamente. Os gritos e as caras de surpresa quando algo foge ao normal. O dançar. Ahhh, o dançar...sempre tão cheio de ritmo e graça. O conversar com as mãozinhas, altura em que me príbe de olhar. "Não, mamã!", e ri-se. É a prova de que a sua imaginação está a todo vapor. Já está a criar as próprias histórias inventadas. Mais um reflexo do seu crescimento, do seu desenvolver. 

É por isto que lhe digo baixinho ao ouvido, uma e outra vez:

"Vais ser sempre a minha amiga, não vais? A mamã é amiga da Matilde...não te esqueças..."

Na esperança de que as minhas palavras fiquem gravadas na cabecinha da minha maior companheira. A minha melhor amiga.


Um comentário:

  1. O teu texto, mais uma vez, deixou-me sem palavras e os olhos "aguados". Nossa, é tão bonito ver os filhos crescerem e se tornarem pessoas. Por outro lado, a saudade. Saudade do tempo em que eles se sentem abraçados e protegidos totalmente, saudades de sermos quase um só. É bonito o que dizes em segredo para a tua M. Eu digo-te isto, em segredo, até hoje!
    Lindo texto, lindo espaço que constróis para a M. Assim, enquanto ela cresce, tu cuidas e guardas a pequenez dela como um bem precioso.

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