terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Crise de identidade...já?


E pronto...estamos com uma crise de identidade em casa. Já começou há uns tempos, e agora ganhou força. "Mamã, eu sou da cor do chocolate!", soltou ela de riso na cara.  É, Matildinha-Matrioska... #sóquenão. :p

Ainda estou a tentar perceber onde tudo começou, mas a verdade é que a criança tem a certezinha de ter um pézinho em África. E no fundo, até tem mesmo...afinal, tem sangue brasileiro a correr nas veias. Bem, mas a cor é que lhe está a faltar...

A primeira boneca foi uma bebé negra de vestido florido e cabelo crespo preso em dois totós. Foi amor à primeira vista. Até hoje, seguem companheiras. Mais tarde, iniciou a loucura das Barbies, mas nenhuma delas lhe encheu as medidas como a princesa Tiana, da Disney. A Jasmin é outra favorita lá em casa. Dos livros, tem fascínio pelo "Menina bonita do laço de fita", que conta a história de um coelho branco encantado por uma negrinha de lábios vermelhos, e que faz de tudo para escurecer o pelo...desde tomar dúzias de café, a mergulhar numa lata de tinta, culminando na descoberta de que  preto nunca poderia ser. É quando decide que filhos assim é que quer ter, e casa-se com uma coelhinha da cor da noite. Ele passa o livro a perguntar: "menina bonita do laço de fita, como fazes para ter a pele tããão pretinha assim?". Bem, a Matilde anda a querer descobrir. Curiosa, pergunta  porque eu sou branca e ela não (como assimmmm, menina?). Se não fosse o seu ar de faz-de-conta, eu ficaria preocupada. :p

Isto, inevitavelmente, me fez questionar uma série de coisas. Primeira: há produção de material suficiente para mudar as ditaduras de padrão às quais somos bombardeados? Ou apesar de tudo, ainda vivemos num mundo em que se fala com distância das possibilidades que vão para além do padrão imposto? Segunda: Onde começa o preconceito? E terceira: Como inverter a situação e criar outros contextos?
O preconceito começa no berço. Começa nos pais, nos avós, na escola. Começa quando não se oferece o mundo e as suas multifacetas. Quando rejeitamos o diferente, e impomos apenas o que é conhecido por nós. Quando não percebemos aquilo que nos falta, aquilo que podemos desvendar e mostrar. Quando não mudamos. Começa quando dizemos o que é bonito, quando decidimos nós pelo outro. Quando só apresentamos uma boneca de mini saia e saltos altos. Quando dizemos que ela é linda, à uma criança gordinha, de sardas e  caracóis nos cabelos. Ou à magricela que é ruiva, ou à pretinha de rabiosque empinado. Quando lhes apontamos a nossa visão de mundo...é quando apontamos o caminho que os nossos pequenos vão seguir. E por isso, custa crer em quem não quer ampliar e transformar os seus espaços conhecidos e tidos como absolutos. Custa saber que ainda não vamos longe, e que vivemos ciclicamente a repetir o que nos foi dito como verdade, sem questionar e criar mais espaços por onde fazer correr as nossas crianças.

Cresci entre nenucos loirinhos, e outras infinidades do género. Cresci num mundo onde a Disney não tinha a Doutora Brinquedos, e nem os cabelos castanhos da princesa Sofia. Não lembro de muitas  bonecas que não fossem loiras-loiríssimas. Era mais fácil ver uma com cabelos azuis, do que uma pretinha. Ora bem, mas cresci rodeada de livros e músicas, e eram eles que me falavam do mundo. Que faziam chegar imagens diferentes à minha cabeça. Múltiplas! Infindáveis! Sem que saíssem apenas de uma fôrma pré-fabricada. Cresci com pais que me faziam chegar estas ferramentas, e que tinham os preconceitos engavetados, sem nunca os deixar sair (quem não os tem?). Nunca os passaram para mim. Louvados sejam! São espertos os meus pais...já na altura, mediam as palavras para não me moldarem as ideias. Para que eu criasse o meu mundo da forma mais rica e verdadeira possível. E tão grata estou. Educar é também isto: saber mudar o que em nós está mal, e saber passar o que vai para além daquilo que nos foi dado. Preconceito não é herança, minha gente. Não se passa a ninguém, não se deixa como presente. Horizontes sim. Largos...a perder de vista.

Ora, ora, ora...tudo isto para dizer que estou contente. Estou contente por perceber que estou a criar gente. G-E-N-T-E. Estou a pôr fermento na Matilde para que ela enfrente o mundo, para que veja toda a sua beleza. Para que não o sinta como um reflexo seu, mas sim para que possa refletir o que mais gosta dele. Para que tire todo o sumo possível desta aventura que é viver. E que em cada cantinho dele, ela não olhe de lado à nada.  Para que eduque os músculos da testa para não franzirem diante do novo. Para que transpire a vontade de abraçar a tudo e a todos, e para que se sinta parte do que a rodeia. 

A construção da identidade se inicia desde muito cedo, e passa pela compreensão dos factos do dia a dia, pelo reconhecimento de características locais e familiares, pela comparação e pelas referências. Por isso, enriqueça o universo do seu filho. 

(Dito isto, agora vou falar sobre o meu último questionamento, e aquele que mais surpresa me causou:

"Por que raios ainda vivo num mundo onde falar em diferença faz lembrar o preconceito???")





E agora vou ali arranjar maneira de pôr a menina pretinha... :p

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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Little Humans

Brandon Staton tem um site suuuper popular, e mais de 12 milhões de seguidores do Facebook. É fotógrafo e passa a vida a clicar gente. Sim, gente. De todos os tipos, de todas as cores, de todas crenças e de todos os géneros. Em comum? É gente de New York, baby

Staton é indiscutivelmente, uma das mais famosas "faces behind the camera". Em 2010, começou por colecionar as caras que cruzavam o seu caminho, e a catalogar no blog Humans of New York. A ideia despretensiosa passou a contar um bocadinho da vida de cada um dos que foram eternizados por Staton, e portanto, a tecer histórias. Hoje, visitar o site é fazer uma viagem pelo mundo através de uma das cidades mais multiculturais de sempre, conhecendo a sua gente, as suas diferenças, semelhanças, e sobretudo, aquilo que fez delas únicas aos olhos do fotógrafo. 

O projeto é um sucesso absoluto, foi publicado em livro e virou best seller nos EUA. Agora, Staton lançou a versão mini da coisa, e eu já vos digo..."a coisa" está deliciosa. Não por juntar muita gente com pinta e blá-blá-blá, mas sim por mostrar a rua como ela é: com as suas verdades, com a sua honestidade, sem grandes filtros e efeitos. E eu gosto que seja assim...porque é o real que me desperta, que me encanta, que me faz querer conhecer e decifrar, imaginar e criar. 

Little Humans traz montes de pingos-de-gente, cheios de graça e estilo próprio, e à semelhança do primeiro livro, carrega muitas histórias contadas em imagens. Com fotografias inundadas de cor, o fotógrafo percorreu cinco bairros de NYC, reunindo cliques e entrevistas aos meio-palmo-de-gente. São quatro anos de olhos postos às crianças mais queridas que lhe apareceram à frente. 

















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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Sunny Day...


Uma terça-feira de muito sol,
praia, parque, caminhada,
corridas, risinhos, e tanto amor!

Que saudades eu tinha do sol...
Que saudades eu tinha do cheiro a sal à beira mar...
Que saudades eu tinha de a ver livre e solta...

*ansiosa que chegue o verão! <3











A princesa Elsa veste:
Disney Store
Casaco Zara Kids

;)