quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Um dia especial!

Hoje é um dia lindo. Um dia forte, um dia querido, um dia de festa. Festa dentro de mim.

Hoje, estamos a comemorar mais um ano de vida da nossa Maria. A mãe, a avó, a bisa. A mulher mais forte e mais correta que eu conheço. A nossa guerreira, fortaleza de todos nós.


Setenta e nove é o número que hoje comemoro.   

A Maria de quem eu falo, é marcante, mexida, amada. Protetora. Maternal. Natureza.

O meu pai diz que ela é santa. Para mim ela é amor. No sentido mais amplo da palavra. Não lembro de ter conhecido alguém que ficasse indiferente a esta senhora. Desde os familiares próximos, aos mais distantes, passando pelos amigos, os mais diversos, que na sua casa entraram. O homem que arranjava o jardim, o que pintava as paredes, ou o que fazia os consertos todos. Há um mar de gente fiel a esta mulher. É o poder das Marias.

A Maria é tímida, e das poucas vezes que nos falamos via Skype, ela não aparece muito. Fica num cantinho, calada, quase que a fazer alguma cerimônia. Mas não tem mal, o importante é vê-la. É sabê-la bem. É tê-la  mais perto de mim.

A Maria não é de muitas expressões, mas fala, e fala muito. Só não gosta que façamos piada disto. Quando ri, é de forma encolhida...e até lacrimeja quando o faz. É de uma inocência sem tamanho. É pura. É mesmo Maria.

A Maria é trabalho, é suor, é batalha, é bondade, é calor. É abraço que abraça o peito. É doce, é salgada. É torrada com chazinho quando estamos com dor de barriga, é toalhinha com álcool quando temos febre. É quem tem paciência com as criancices todas, é quem concilia. É quem oferece nos aniversários, os únicos sabonetes que vais guardar para o resto da vida. Ou aquele par de meias que vais usar com muito, muito, muito cuidado. É quem chora quando os animais sofrem naqueles filmes da sessão da tarde. É quem cuida do teu cãozinho, quando mais ninguém o faz.

A Maria é um prato quentinho de comida, justamente quando estamos a morrer de fome. É a massa à bolonhesa, a lasanha, o lombo assado com farofa, e a salada de batatas que guardamos na memória.  É o bolo de chocolate da Sexta-feira. É a história do patinho na lagoa (Tchibum! Tchibum!), contada num quarto daquele edifício amarelo. Ninguém cuida de mim como ela.

A Maria tem coragem para mudar o mundo, e criou gente linda para continuar a fazê-lo.

A Maria foi quem nos levou ao colo, e quem criou uma família de mulheres valentes como tudo. E sem falsa modéstia, mulheres maravilhosas. Que não o seriam, se não fosse ela a nossa Maria.

Não há uma das suas netas, que não lhe entregue uma paixão absoluta, e que por ela, não carregasse o peso do mundo às costas. As duas filhas, lhe dedicam tal sentimento, que às vezes pensamos não ser normal.

Por esta Maria, tenho tanto amor, mas tanto amor...que sinto que sou mais feliz por isso.

Sofro quando não estou junto dela, e já lá vão uns longos três anos em que a distância não ofereceu qualquer trégua. Casei, fui mãe e ainda não estivemos juntas. Esta é uma mágoa que tenho cá dentro, e que só a vou apagar quando abraçar a minha Maria. Assim, com todas as minhas forças, com toda a minha vontade.

Hoje, é dia de festa e eu choro. Mas não é choro simples. É daqueles que chegam com a cara já amarrotada, e com um soluço atrás do outro. É choro que eu tenho que segurar para não tomar conta de mim. Não é choro de dor. É de saudade. E saudade mata a gente.

"Vó"...sei que vão ler isto tudo para ti, mas não escrevo para tu chorares...por favor...escrevo apenas porque é a minha maneira de chegar a ti, e de falar do meu amor sem fim e sem tamanho. É o meu jeito de agradecer por me teres feito uma " Maria".

 Te amo profundamente, e até qualquer dia... ;)
Um beijo grande, e um abraço apertado...da tua neta.



P.S: Eu podia querer escrever bonito e tal...mas não. Apenas escrevo esta carta para ela, que é um pedaço de mim, e partilho com o mundo o meu sentimento. Eu nunca poderia competir com o Milton Nascimento. Ele já tão bem descreveu a minha Maria. Não lhe retiro uma palavra, não lhe acrescento uma vírgula. Para quem não conhece a música, nunca é tarde...para quem já tantas vezes a ouviu, só posso dizer que nunca é demais.

"Maria, Maria. Quem traz na pele esta marca, possui a estranha mania de ter fé na vida".



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4 comentários:

  1. O texto é quase uma oração à Maria - algo entre o sagrado e o poético. Emocionei-me com as palavras tão sentidas, únicas, cheias de força e expressão do amor. Qualquer coisa que eu escreva agora não seria capaz de expressar o sentido daquilo que é dito nesta mensagem. É bom saber que carregamos a Maria dentro de nós e que esta pequenina mulher é tão grande e presente, o orgulho da nossa história. Saer que ela está hoje a fazer 79 lindos anos é um presente de Deus, tê-la como mãe é uma benção. Somos abençoados por tê-la. Mas como eu disse anteriormente, nenhuma palavra representará um terço sequer, daquilo que a autora do blog conseguiu expressar com delicadeza, verdade, força, encato e sentimento. Só posso dizer que o texto acordou em mim tantos e tantos sentimentos, tantas e tantas memórias, sobretudo a saudade e o sentimento da ausência, de não poder estar há muitos e longos anos juntos a comemorar esta data. Mas tenho algum conforto por saber que a nossa Maria está rodeada de amor verdadeiro, de gente linda como Nena, Carmita, Mari, Lucas, Waldyrzinho, tias, tios, primas, primos... uma infinidade de gente que faz parte da nossa história. Maria está inscrita em nós, naquilo que somos e tenho muito orgulho de ser pare da história que ela construiu no decorrer da sua vida. É verdade, a nossa Maria é um presente de Deus, uma alegria e força da natureza. Obrigada à Lua por nos presentear e emocionar com as suas palavras, com esta homenagem, poema ou oração de amor à Maria, a nossa Maria.

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    1. "Maria está inscrita em nós"... quanta verdade! E quem me dera poder honrar a nossa matriarca com as minhas palavras...quem me dera que elas pudessem ser tão ricas e belas como a minha Maria...

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  2. Que texto Lindo Lua....!

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    1. Ooooh! :) obrigada, Maria! Também és uma das marias que são parte de mim e da minha história... beijo grande!

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