Viver deve ser a palavra mais rica do dicionário. Cabe tudo dentro dela. Tudo. Comporta cores, sons, cheiros, memórias, amores, sabores. Abriga e multiplica, sempre ao gosto de quem a emprega, de quem usa e abusa dos seus sentidos vários. No fundo, ela é gigante. Cheia. Para quem consegue vê-la bem, claro. Porque senão, ela parece cinzenta e abandonada. Esquecida no tic-tac das horas que apenas passam por nós.
Quem conhece o seu sentido, vai olhar para trás e tentar contabilizar o tamanho que esta palavra tem para si. Vai tentar encontrar todos os tons, sonoros e visuais, e todos aromas que se criaram no tempo. O azul anil do céu, naquelas tardes de verão da infância. O cheiro a mar. Os mergulhos sem fim, quando ainda pensávamos que se mergulhássemos muito fundo, podíamos chegar à China. Quando a imaginação era o limite. Os passeios com o pai, naqueles Domingos inesquecíveis, e sempre marcados pela saudade de chegar à casa. Os Sábados na praia. As voltas de bicicleta. Aquela almofada, aquele pijama, aquela gaveta só de coisas dele. Aprender a tomar banho com ele, naquela aula de ciências que nunca se esquece. Ai, as células mortas.
O sabor ao bolo da avó às sextas-feiras, ao brigadeiro branco das amigas de faculdade. Todas as músicas que sempre se fizeram as melhores companheiras. As boas, e as más. O tilintar das pulseiras daquela tia, sempre impecável, naquelas férias em que a melhor amiga foi a empregada da casa, da qual se lembra para sempre com carinho. O tio que ensinou a parar com os soluços. A tia, mãe de leite farto, que sempre nos encheu a vida de sorrisos e sonhares. De fé. A banana achocolatada, feita pela avó sisuda, que sabia ser doce, naquela casa à beira mar. A Maria que enche de afago, de afeto, de amores. A adolescência, com os seus altos e baixos, que habita eternamente no nosso existir. Aquele brinquedo, aquela roupa, aquele presente, aquele encontro, aquela pessoa. A mãe tão grande, que cabe em cada espaço desta palavra.
O sabor ao bolo da avó às sextas-feiras, ao brigadeiro branco das amigas de faculdade. Todas as músicas que sempre se fizeram as melhores companheiras. As boas, e as más. O tilintar das pulseiras daquela tia, sempre impecável, naquelas férias em que a melhor amiga foi a empregada da casa, da qual se lembra para sempre com carinho. O tio que ensinou a parar com os soluços. A tia, mãe de leite farto, que sempre nos encheu a vida de sorrisos e sonhares. De fé. A banana achocolatada, feita pela avó sisuda, que sabia ser doce, naquela casa à beira mar. A Maria que enche de afago, de afeto, de amores. A adolescência, com os seus altos e baixos, que habita eternamente no nosso existir. Aquele brinquedo, aquela roupa, aquele presente, aquele encontro, aquela pessoa. A mãe tão grande, que cabe em cada espaço desta palavra.
Com sorte, chegamos à idade em que compreendemos a totalidade desta junção de letras, nada aleatória...viver. Chegamos, e continuamos a acreditar nela, e já compreendendo que somos nós quem lhe damos o sentido que quisermos. E neste trabalho, vamos diariamente construindo o nosso baú de memórias. Lemos o que nos engrandece, olhamos profundamente para o outro, que está ao lado, que está longe, que nem conhecemos. Trabalhamos a fé no mundo. Trabalhamos para ganhar dinheiro, para abusar da vida. Montamos uma casa, montamos uma família. Multiplicamos o amor e nos criamos pais. Chegam os novos sons, os novos cheiros, a novidade dos sabores...são tantas as cores! É um bebé, são dois, são três. É a casa cheia, o carro repleto, a mala carregada. São os risos, são as gargalhadas, são os choros, são as birras. E eles crescem. Ficam grandes e nos odeiam, e nos amam, e nos voltam a odiar. Até que chegam à fase de compreender isto tudo, e começam a entender a vida. Nos dão netos, põem fermento na nossa família. E tudo se renova, mesmo quando não esperamos por nada.
São os desafios todos, que nos fazem fortes para continuar a amar esta palavrinha. É o desejo de um futuro colorido e feliz, que nos surge na cabeça, como num filme que vamos criando e rodando. Vamos trabalhando por isso e para isto. Para o resultado das vivências, nos consumar felizes. Dilemas fazem parte do processo, os problemas também. Decisões importantes vão sempre existir. Tristezas e perdas também. Mas afinal, quem lhes dá o tamanho que têm? Você, meu caro ou cara. Você.
Por isso hoje, abane a poeira e espante o que não faz bem. O maior troféu que podemos ganhar, é chegarmos ao final da semana, do mês, do ano ou da vida, e sentirmos que vivemos. Vivemos e vivemos. Os bons, os muito bons, e os maus dias. Agora...se você não vê o valor disto, então é um caso perdido. Arrume as suas coisinhas e deite-se na monotonia da solidão, escura e sem sal. Porque não basta escrever e ler esta palavra. É preciso recebê-la e torná-la diária. É preciso saber viver.
Por isso hoje, abane a poeira e espante o que não faz bem. O maior troféu que podemos ganhar, é chegarmos ao final da semana, do mês, do ano ou da vida, e sentirmos que vivemos. Vivemos e vivemos. Os bons, os muito bons, e os maus dias. Agora...se você não vê o valor disto, então é um caso perdido. Arrume as suas coisinhas e deite-se na monotonia da solidão, escura e sem sal. Porque não basta escrever e ler esta palavra. É preciso recebê-la e torná-la diária. É preciso saber viver.
Bejinhos de quem tenta, sempre e incessantemente.
não sei como é que não há um comentário... fiquei de lágrima no olho.
ResponderExcluirOh, que querido anónimo... :)
ExcluirMuito obrigada por estar aí, por gostar e por partilhar de si.
Um beijinho grande.