quarta-feira, 17 de julho de 2013

Birras: quem aguenta?

Já ouviram falar da "adolescência da infância"? Trata-se daquela altura em que a criança começa a ter noção do "eu", a perceber que é um indivíduo, e que portanto, tem vontades e desejos, e pode ter o poder de decidir por si. Ela começa a lutar pelo seu espaço, gritando, batendo nos outros e armando fenomenais birras. Pode acontecer, mas não é uma regra, entre os 18 meses e os 3 anos.

Eu nunca tinha escutado falar nisto, mas tendo em vista que tenho uma miúda com 2 anos, e que os comportamentos começaram a fugir ao habitual, andei a pesquisar. Sim, sou destas que vão à procura de tudo e mais alguma coisa, e que querem entender ao pormenor cada fase dos miúdos. Sou assim com tudo, não tivesse eu estudado jornalismo... :p

Os 2 aninhos são difíceis, e ninguém, de todo, me avisou. Não estava preparada, e nem sequer entendi bem o que se estava a passar...até que determinados comportamentos passaram a fazer parte do dia à dia...e fui ler, ler, ler...

Pois bem. Eu não estava louca, e a minha miúda não está a passar por nada anormal. Vou explicar do início, para que entendam do que falo, e ao mesmo tempo, vou dar dicas de como os pais devem agir nesta altura.

Há dias, a Matilde começou a chorar por tudo e por mais alguma coisa.  Quando não pode fazer algo, chora. Quando não quer algo, chora. Quando o pai vai trabalhar e ela quer ir à rua também, chora. Quando tomo banho, e ela também quer tomar (embora já tenha tomado 2 ou 3), chora. Mas se a meto no chuveiro comigo, chora, porque afinal queria estar lá fora. 

Quando estou a comer e ela quer (sempre) que eu faça outra coisa qualquer, chora. Quando entra no carro, chora. Quando, sai, chora. Quando volta a entrar, chora. Quando é interrompida em qualquer actividade, chora. Quando vai embora de qualquer lugar, chora. Quando vai para a cama, chora (apesar de estar morta de sono e adormecer passados 10 minutos). 

Estou convencida de algo que eu já sabia desde os seus primeiros meses: eu nasci para ser mãe. Entendo cada uma das suas birras, e respeito. Não perco a paciência, não grito, não falo mal. Dou colo quando acho que devo dar (ou quando realmente preciso de alguma paz). Tento distrair quando está mesmo irritada, e me baixo ao seu nível para explicar o que está mal, ou ensinar como algo deve ser.

Não sou santa. Muitas vezes fico enlouquecida, claro. Mas é, puramente, uma questão de auto controlo. Respiro fundo, e por instinto, só quero tratá-la bem. Nunca perco a cabeça e a trato de forma agressiva! Explico, falo com calma...e por vezes, ignoro. Acho que muitas vezes, ignorar é o essencial. É preciso fazer de conta que não se ouve nada. Sem público, não há espectáculo. Certo?! O meu marido não consegue. Está pouco em casa, e por isso, é difícil lidar com tantas birras, principalmente quando são nas horas de refeição e sono.

Ele diz que já não pode ouvir a menina sempre a chorar e gritar. E é mesmo. Ele tem razão. É enlouquecedor. Bem...é para isso que existem as mães...certo? com a sua capacidade ímpar de compreender e aconchegar...e de ralhar da forma certa. Nem mais, e nem menos. São coisas que só as mulheres são capazes, e eu tenho a certeza disto. Que me desculpem os homens leitores deste blog...

E não levem a mal. O João é um pai exemplo. Um querido, cuidadoso, e que proporciona as mais deliciosas brincadeiras. Com ele, a diversão está garantida. Mas quando o sapato aperta, é aqui a mamã que tem melhor jeitinho para a coisa. Com vocês acontece o mesmo?

Por isto tudo que escrevi, vou partilhar com vocês o que é a chamada "adolescência da infância", e as sugestões de como ultrapassar esta fase sem grandes dramas. É uma situação comum, e talvez este post possa ajudar alguém na mesma situação. ;)




1. O que é a chamada “adolescência do bebê”?

A adolescência do bebê, primeira adolescência ou os “terrible twos” – terríveis dois anos, em inglês –, como citado na literatura, é a fase em que a criança passa a se comportar de modo opositivo às solicitações dos pais. De repente, a criança que outrora era tida como obediente e tranquila passa a berrar e espernear diante de qualquer contrariedade. Bate, debate-se, atira o que estiver à mão e choraminga cada vez que solicita algo. Diz não para tudo, resiste em seguir qualquer orientação, a aceitar com tranquilidade as decisões dos pais, para trocar uma roupa, sair de um local ou guardar um brinquedo. Para completar, não atende aos pedidos e parece ser sempre do contra.

2. Esse comportamento é comum em qual idade?

Normalmente, acontece a partir de 1 ano e meio até os 3 anos de idade.

3. Existe alguma causa?

A causa para esse período é simplesmente o próprio desenvolvimento natural da criança. A fase dos 2 anos de idade é um período de grandes mudanças para ela. Até então, o pequeno seguia os modelos e as decisões dos pais. Gradualmente, ele passa a se perceber como indivíduo, com desejos e opiniões próprias, e isso gera uma enorme necessidade de tomar decisões e fazer escolhas por si. Sem dúvida, isso acaba gerando uma grande resistência em seguir os pedidos dos pais. Não é exatamente uma ação consciente da criança, mas uma tentativa de atender a esse desejo interior, a essa descoberta de si como um ser independente dos pais. No entanto, ao mesmo tempo em que ela quer tomar suas decisões, ainda tem muitas dificuldades para fazê-lo, dado que ainda não tem maturidade suficiente. Ela discorda até dela mesma! Se você pergunta o que ela quer comer, naturalmente ela responderá: “Macarrão”. Mas, quando você chega com o prato de comida, ela diz: “Eu não quero isso!” Suponha que você está com pressa para ir a algum lugar. Seu filho está de ótimo humor até você dizer: “Preciso que você entre no carro agora”. Ele fará tudo, menos atender à sua solicitação. É uma fase difícil para os pais e também para as crianças. É uma experiência intensa emocionalmente e repleta de conflitos, pois, ao mesmo tempo em que a criança busca essa identidade, ela não quer desagradar seus pais – por mais que isso não pareça possível.

4. Existe alguma maneira de evitar que o bebê passe por isso?

Não há a necessidade de tentar evitar esse período e nem há como fazê-lo. O importante é conhecer e lidar de modo construtivo com essa fase dos pequenos.

5. Todas as crianças passam por isso?

Não é uma regra. Algumas crianças demonstram essas características mais intensamente do que outras.

6. Como agir quando a criança se joga no chão e grita em um lugar público, como o supermercado e o shopping?

Primeiramente, descarte palmadas, tapas, puxões de orelha ou qualquer outro comportamento agressivo para tentar conter uma birra. Antes de sair, converse com o seu filho e o contextualize sobre o passeio. Se for supermercado, por exemplo, diga como espera que ele aja, o que ele poderá pegar para si etc. Se forem a um restaurante, faça o mesmo, explique aonde vão, como espera que a criança se comporte e as consequências para o seu mau comportamento. Jamais ceda às manipulações, como choros, pedidos de ajuda e reclamação de possíveis desconfortos. Avise-o de que só vai conversar depois que ele se acalmar. Opte por disciplinar a criança após a birra, que é o momento em que ela está colocando para fora sua frustração e seu descontentamento. Após ela parar de fazer a birra, você se abaixa para conversar. É sempre muito importante que a criança compreenda o que fez e o porquê de sua ação. Evite dar broncas e repreender seu filho na frente de outras pessoas para que ele não se sinta constrangido e você também. Uma dica bacana para mudar o foco da birra é chamar a atenção da criança para outra situação. Mostre um objeto ou comece a falar de outro assunto. Ignorar a birra costuma dar ótimos resultados. Em lugares públicos, se a birra persistir e você estiver se sentindo constrangida, tire o seu filho do ambiente sem demonstrar irritação e sem conversar. Sua atitude mostrará desaprovação.

7. O que fazer quando o pequeno bate nas pessoas quando é contrariado?

Esse “bater” normalmente é a expressão do seu descontentamento, o que, no caso, não é aceitável. É importante ressaltar que as crianças, assim como nós, adultos, também ficam bravas, tristes, frustradas e chateadas – isso é natural do ser humano. Ao longo da vida, ela vai se deparar com diversas situações que despertarão esses sentimentos nelas e a infância é a melhor fase para aprender a lidar com esses sentimentos inevitáveis. Assim, se quiserem contribuir de modo positivo com o desenvolvimento emocional e psicológico dos pequenos, os pais devem parar de tentar poupá-los de situações frustrantes e passar a explicar esses sentimentos, apontando caminhos para que consigam lidar com eles. A criança não nasce sabendo a lidar com seus sentimentos, ela testa suas ações e vai construindo seus modos de agir.

Quando ela bate em alguém, imediatamente deve ser contida e, em seguida, os pais devem abaixar-se na altura da criança, olhar fixo em seus olhos e com voz firme conversar que entendem que o pequeno esteja bravo, mas que sua atitude é inaceitável. Explique que, se aquilo voltar a acontecer, haverá consequências negativas para ela, citando quais serão. Lembre-se de que essas consequências deverão ser algo possível de ser feito porque, se a criança repetir o comportamento desaprovado, você deverá cumprir o que falou.

8. E quando a criança bate com a cabeça na parede ou faz coisas para se machucar porque ouviu um “não”?

Em geral, as crianças recorrem a esse tipo de autoagressão como mais uma tentativa de conseguir a atenção dos adultos e, quase sempre, conseguem porque descobrem que esse comportamento provoca comoção nos pais. Por mais que possa preocupar, os pais devem manter a ideia de que “sem plateia não há show”. O ideal é conter a ação da criança sem dar atenção ou demonstrar comoção pela atitude. Você pode, por exemplo, colocar um travesseiro ou uma almofada embaixo da cabeça dele e sair de perto, ou tire o pequeno do local onde está sem conversar e coloque-o em um ambiente mais seguro. Sem conseguir chamar sua atenção com a autoagressão, a criança vai buscar outras possibilidades, como apagar e acender a luz, ligar e desligar equipamentos eletrônicos etc. Só fique atenta para a possibilidade de esse comportamento estar refletindo algum problema emocional, que, aí sim, merece a atenção dos pais.

Se a criança começar a apresentar comportamentos autodestrutivos, como se arranhar, bater em sua cabeça e puxar os cabelos, frequentemente em situações cotidianas, vale a pena consultar um especialista porque isso pode indicar uma tentativa da criança de evitar o contato com algo que esteja lhe causando angústia.
FONTE: http://bebe.abril.com.br/materia/a-terrivel-crise-dos-2-anos

Um comentário:

  1. Luana, acho que me vou lembrar deste post daqui a uns tempos...Obrigada pelas dicas! Beijinhos

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