Cada vez mais, percebo que a personalidade das pessoas é algo que, em boa parte, nasce com elas. Aquilo que as define como bondosas ou maldosas, é inerente à elas. A índole, quero dizer. Boa ou má. Fácil, difícil. Leve, pesada. A natureza é cheia de força. A formação, os bons conselhos, os bons exemplos, são perfeitas ferramentas de apoio, que muitas vezes podem mudar o curso deste rio e desenhar um alguém melhor...mas não passam disto: de um suporte, de uma base. Extremamente indispensáveis, a dizer de passagem uma boa verdade. In-dis-pen-sá-veis.
Vi isto tão claramente um dia destes. Estávamos no shopping, e a Matilde brincava num daqueles carrinhos. Não costumo fazer juízo a respeito de crianças, acho que nem é justo, mas desta vez foi impossível segurar o pensamento. Uma menininha, com 3 ou 4 anos, passava por todas as outras crianças de dedo ao alto, a chamar nomes, a ralhar com elas num tom tão autoritário, tão mau. Ela, tão pequenina, não conhecia nenhum daqueles miúdos, nunca os tinha visto. Chegava perto de cada um, baixava-se e começava a disparatar, a fazer pequenas ameaças, a fazer pouco de todos. Afinal, não é aí que começa o bullying? A senhora que a acompanhava, durante longos minutos, esteve ali ao telemóvel, sem deixar pousar um único olhar sobre aquela criança, que incessantemente, atirava infelicidade aos olhos dos outros. Sem lhe dar a oportunidade de ouvir que aquilo estava errado, que não se faz. Negava portanto, que aquela menina tivesse direito à educação. E negar isto, é negar um caminho pleno de felicidade.
Aquela criança, provavelmente, está a repetir o que vê, o que toma como comportamento natural. Padrão. Talvez ninguém lhe tenha ensinado a ser melhor do que aquilo. Uma tristeza. Por outro lado, não é apenas o meio que faz o sujeito, ou numa família seriam todos iguais. O feitio, o temperamento e a essência individual de cada um, nasce em parte connosco. A vida vai fortalecer ou enfraquecer pontos, e chamo de vida tudo aquilo que nos faz aprender ao longo deste percurso: família, escola, amigos, meio social. Sim, temos mesmo um imenso papel na vida dos que nos rodeiam, mas não somos deuses ou donos de ninguém. Cada um é o que é, e nós influenciamos da forma como somos capazes. Ser responsável por isto, dá medo. Gela. Ter as minhas mãos e a minha boca a ensinarem vida à Matilde, deixa-me nervosa, ansiosa por ser a melhor guia que conseguir para a minha menina. Cada vez que vejo a generosidade e a bondade brotarem dela, um pedaço de mim desabrocha em flor. Respiro fundo e penso: "vamos as duas no bom caminho".
Quando vi está história circular pela web, quis profundamente que a minha cria tivesse um bom Guia na sua vida. Um amigo assim, cheio de poesia, para encher a sua vida de rimas bem ensinadas.
A escola consegue ser um lugar mágico para uns, infernal para outros. Cada vez mais, esta segunda realidade se mostra perto de nós. As crianças conseguem ser malvadas, já se sabe, mas Christian Bucks, um menino norte-americano do segundo ano, é o exemplo de quem quer mudar o cenário.
O pequeno Christian sabia que alguns amigos sentiam-se sozinhos durante os intervalos na escola, e decidiu criar uma das coisas mais bonitas que eu já vi: o Buddy Bench (ou "banco amigo", em português). A ideia do miúdo consiste em disponibilizar uma oportunidade para que todos possam brincar. Ou seja, quem estiver sozinho senta no banco amigo e os outros colegas, que estiverem a brincar, convidam cada um a participar, e assim, a fazer novos amigos. A ideia fez tanto sucesso por lá, que outras escolas querem adoptar o "método".
Crianças...sábias crianças. Não é lindo quando querem tornar o mundo melhor?! :)
Um beijinho para o Chris, fofo! E para todas nós, mamãs que plantam motivos para ter filhos assim, de alma limpa.
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